Qual o valor do esterco de confinamento de bovinos?

Muito se fala sobre a desvalorização da arroba e, por isso, do momento de baixa rentabilidade da pecuária de corte brasileira. Um grande vilão desta história é o crescente aumento dos custos de produção. Porém, poucos são os produtores que enxergam que este aumento de custo não é passageiro e, ao contrário da grande maioria que fica a espera de uma alta da arroba, mobilizam-se em buscar alternativas, para não só saírem da crise, como também se assegurar, de forma estratégica, da chegada de novos episódios de desequilíbrio econômico na pecuária de corte.

Hoje a intensificação da produção é a saída tecnológica mais utilizada pelos pecuaristas profissionais. Nesta circunstância, o confinamento de terminação quase sempre é “convocado” para garantir maior lotação das pastagens ao longo do ano.

Um resíduo do confinamento é a produção de esterco, que deve ser encarado na verdade como um subproduto desta atividade, pois o mesmo se apresenta como fonte fertilizante para o uso na própria propriedade, em áreas de produção de grãos ou de volumosos.

Entretanto, é raro encontrar uma unidade de confinamento que utiliza o esterco de forma eficiente. O mau uso deste se dá por falta de equipamentos adequados, tanto de coleta como de distribuição, e, ainda, por falta de adequação do terreno do piquete de confinamento para coleta, perdas de nutrientes pela demora na retirada do esterco, má distribuição, entre outras. Mas, principalmente, pelo desconhecimento de suas qualidades como fertilizante, pelos gestores do confinamento, o que gera pouco interesse no seu uso.

As vantagens do esterco de bovinos como fertilizantes são (Kiehl, 1985; Malavolta, 1989; Moreira & Siqueira, 2002; Pauletti & Motta, 2004 e Rosa, 2005):

– melhora da estrutura do solo (tanto para solos arenosos como para solos argilosos);

– diminuição dos processos de compactação do solo;

– melhora da aeração e da drenagem do solo;

– aumento da capacidade de armazenagem de água no solo;

– diminuição dos efeitos da erosão;

– fonte de macros e micronutrientes;

– elevação da CTC do solo;

– melhora da condição de crescimento de raízes;

– contribuição para o aumento de pH em solos ácidos;

– aumento do número de microorganismos úteis no solo, essenciais no combate de pragas;

– traz benefício por mais tempo, pois fornece lentamente nutrientes, prolongando os efeitos da adubação;

– evita as perdas de minerais por lixiviação.

Muitas destas qualidades não podem ser vistas a olho nu pelo produtor. Contudo, se o valorássemos apenas como fertilizante isso seria mais claro. Segundo revisão de Pauletti & Motta (2004), um bovino adulto excreta em média 23,5 kg de fezes e 9,1 kg de urina por dia. Ainda segundo a revisão dos mesmos autores, o valor em nutrientes de esterco bovino fresco seria: 1,5 % de nitrogênio, 1,4 % de P2O5, 1,5 % de K2O e 15 % de matéria seca. Já para micronutrientes: 7,6 mg.kg-1 de zinco, 21 mg.kg-1 de cobre, 105 mg.kg-1 de ferro e 2,3 mg.kg -1 de manganês.

Entretanto, a composição do estrume varia muito, e isto ocorre conforme o estado de decomposição do mesmo, manuseio, estocagem, espécie e idade do animal e do manejo e da alimentação que estes animais recebem. Animais alimentados com rações com altos níveis de concentrados produzem estercos mais ricos em nutrientes do que os animais criados a pasto. Os animais adultos eliminam cerca de 80% dos nutrientes que ingerem, enquanto que os animais jovens 50% deste total, produzindo, portanto, um esterco mais pobre em nutrientes (Kiehl, 1985).

Vejamos nos quadros abaixo (01, 02 e 03) a valorização do esterco de confinamento, através da comparação com o custo de nutrientes presentes em fertilizantes químicos:

Quadro 01. Análise química de uma amostra de esterco de bovinos:

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Quadro 02. Valoração dos nutrientes presentes no esterco da amostra citada no quadro 01:

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Quadro 03. Valor do esterco colhido pelo número de cabeças confinadas:

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No quadro 03 estão os valores que podem ser economizados com fertilizantes químicos através do uso da adubação com o esterco do confinamento. Segundo Malavolta (1989), embora a fertilização com esterco de bovino propicie grandes aumentos de produção, este não pode ser usado como a única fonte de fertilizante, pois não é devidamente equilibrado quanto aos teores de nutrientes. Assim sendo, ainda há que se equilibrar a adubação com adubos minerais.

Devemos salientar que o valor em reais do esterco avaliado pode ser maior, caso seja utilizado a valorização também para micronutrientes.

Concluindo, somente pela qualidade como fertilizante o uso do esterco de confinamento já se justifica, pois pode diminuir consideravelmente os custos de produção de uma propriedade de pecuária intensiva.

Literatura citada

Kiehl, E. J. Fertilizantes Orgânicos. Editora Agronômica Ceres, 1985.

Malavolta, E. ABC da Adubação. Editora Ceres – 5a. Edição, 1989.

Moreira, F. M. S. & Siqueira, J. O. Microbiologia e Bioquímica do Solo. Editora UFLA, 2002.
Pauletti, V. & Motta, A. C. V. Fontes Alternativas de Nutrientes para Adubação de Pastagens. XXI Simpósio sobre Manejo da Pastagem. Fundação de Estudos Agrários “Luiz de Queiroz”, 2004.

Rosa, B.; Freitas, K. R; Pinheiro, E. P. Utilização de Resíduos Orgânicos de Origem Animal na Produção de Forragens. VII Simpósio Goiano sobre Manejo e Nutrição de Bovinos de Corte e Leite. Colégio Brasileiro de Nutrição Animal, 2005.

 

FOnte: https://www.beefpoint.com.br/

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