Ele deve oferecer espaço suficiente para que a maior vaca do rebanho entre livremente no estábulo, deite-se, descanse confortavelmente e ponha-se facilmente de pé e saia do estábulo. Para fazer isso, os free stalls devem levar em consideração o desejo normal da vaca de descansar de frente para cima, mudar de posição de descanso ou alongar-se enquanto está em decúbito, e avançar para levantar seus quartos traseiros primeiro ao levantar-se.
Para minimizar os problemas de casco e encorajar as vacas a descansar, as camas devem estar limpas, secas e confortáveis.
Confira abaixo 8 dicas de manejo em free stall que ajudam a garantir todos os benefícios que esse sistema de confinamento pode proporcionar:
1) Dimensione corretamente o colchão
Diversos materiais podem ser utilizados nas camas das vacas, como palhas, maravalhas (pó de serra), fenos de baixa qualidade, terra, areia e colchões de borracha. No caso do uso de colchões, esses devem ter uma altura de 2,5 a 7,6 centímetros em todos os momentos para garantir que as vacas permaneçam limpas e confortáveis. Toda vez que as vacas partem para a ordenha, o esterco e a urina devem ser limpos.
2) Substitua os colchões antigos quando necessário.
A duração máxima da maioria dos colchões de espuma ou borracha é de 10 anos. Nesse período, a espuma ou borracha é comprimida, tornando a superfície muito dura.
A utilização de free stall como forma de alojamento de vacas implica em investimentos significativos. Desta forma, deve-se buscar a máxima produção individual por vaca como forma de viabilizar o sistema.
A manutenção de camas para que não machuquem as vacas e estimule-as a deitar é aspecto fundamental para garantir conforto na instalação. Sem isto, com certeza a produção não estará sendo otimizada, embora os custos (alimentação, medicamentos, pessoal, depreciação, etc) existam da mesma forma.
3) Projete baias de tamanho adequado para as vacas.
Faça baias que se encaixem na maior vaca do rebanho. Baias que são muito pequenas desencorajam as vacas de usá-las porque elas podem ter dificuldade em se deitar ou levantar, e às vezes até se machucar no processo.
A correlação entre tamanho da baia e incidência de problemas é importante. A recomendação atual é trabalhar com comprimento total de 2,40 m a 2,50 m, sendo 1,70 a 1,80 m para deposição do corpo do animal (vacas de 550 a 650 kg) e o restante para o movimento frontal da cabeça.
4) Mantenha as baias cheias de areia quando optar por esse material.
Quando as vacas sobem e descem das baias, elas tendem a jogar areia fora. Isso geralmente deixa uma depressão, particularmente na parte de trás das baias, onde a umidade e a urina podem se acumular criando condições de cama não higiênicas.
O baixo nível de areia nas camas torna a mesma menos confortável, não proporcionando o efeito “amortecedor” desejado quando as vacas se deitam ou levantam. Quando o nível está baixo, é comum que a parte da frente da cama (onde o animal descansa os membros anteriores), seja mais baixo ainda, o que dificulta o movimento da vaca ao se levantar (desconforto). Além disso, as dimensões da cama passam a ser alteradas, tornando-se desproporcionais ao projetado.
5) Mantenha sempre as baias preparadas para o retorno das vacas.
O estrume e a areia molhada de urina devem ser removidos quando as vacas saem para cada ordenha, de forma que estejam sempre prontas para receber os animais nas melhores condições de conforto e higiene possíveis.
6) Incline a areia em direção à parte traseira da baia.
Ao arrumar as baias, a areia deve ser inclinada em direção à parte traseira, com uma inclinação de 2% a 3%, pois isso facilita o movimento da vaca.
7) Use a areia certa.
As areias muito finas não se separam dos sólidos de esterco e portanto não podem ser reutilizadas. Se a é muito grossa ou tem pedras, pode aumentar o risco de lesões nos cascos.
O uso de areia de má qualidade, mesmo sendo mais barata, certamente irá trazer mais prejuízos que benefícios. A presença de grande número de impurezas, como pedras, por exemplo, incomodam as vacas que passam a evitar a cama. O tamanho de partícula de areia, por mais detalhista que seja, pode ser bastante importante. Areias com tamanho de partículas inferiores a 0,3 mm de diâmetro tendem a sofrer uma compactação muito maior com o peso dos animais, diminuindo o conforto além de dificultar a limpeza das camas.
O ideal é que seja sempre lavada e peneirada, antes de ser comprada. Caso a mesma chegue ainda molhada na propriedade, deve ser colocada em local arejado para que possa secar. Não é recomendado o uso de areia molhada em cama de free-stalls.
Para sabermos se uma determinada areia possui tamanho de partícula e umidade adequada para ser utilizada como cama num free-stall, podemos realizar um teste bem simples e prático como: formar um “bolinho” de areia com as mãos e arremessá-lo de uma mão para outra. Caso o mesmo não se quebre (debulhe), temos, possivelmente, uma areia muito úmida, ou com tamanho de partícula muito pequeno ou até mesmo estas duas características.
8) Ao reutilizar, substitua com a areia mais limpa possível.
Se você estiver reutilizando areia, certifique-se de que o tempo de secagem seja suficiente. Areia reutilizada deve ter 10% a 12% de umidade com menos de 2% de matéria orgânica, pois níveis mais altos podem levar a mais mastite ao longo do tempo.
Estudos sugerem que a areia reutilizada pode ser usada como material de cama, sendo segura e confortável para vacas leiteiras. No entanto, deve-se tomar cuidado com aquanidade de vezes que é a mesma é utilizada. Atualmente, não foi determinado qual é o limite da carga bacteriana em areia reutilizada e quantas vezes o material pode ser recuperado, sem riscos para saúde das vacas.